O que significam estes dois termos em inglês?“Lifespan” se refere a expectativa de vida, estimada em anos. Significa a quantidade de anos que, em média, se vive e é um conceito bem mais conhecido da população em geral. Já “Healthspan” traz um conceito relativamente novo nas áreas que estudam o envelhecimento.
Se refere ao tempo de vida saudável das pessoas, isto é, a quantidade de anos vividos com boa saúde. O termo “healthspan” surgiu em função do questionamento e discussão de alguns pesquisadores sobre se valeria a pena viver até que seja humanamente possível, mesmo que isso signifique décadas extras de doenças, limitações físicas e má saúde.
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Graças aos avanços científicos na saúde pública, a expectativa média de vida humana duplicou desde 1900. Entretanto, a diminuição da mortalidade por certas doenças abriu o caminho para outras de início mais tardio, como a diabetes, a doença renal crônica e a doença de Alzheimer.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, a expectativa de vida (Lifespan) média no mundo é de 73 anos, sendo de 77 anos nas Américas e de 75 anos no Brasil. No que diz respeito à expectativa de vida saudável (Healthspan), no mundo a média é de 63 anos e no Brasil é de 65 anos.
Pode-se ver que há uma lacuna de em torno de 10 anos entre o tempo total que se vive e o tempo que se vive com saúde. Isto se deve, provavelmente, às altas taxas de doenças crônicas não transmissíveis ligadas ao envelhecimento, como diabetes, hipertensão, câncer, doenças cardiovasculares e demência.
Fechar a lacuna entre a expectativa de vida e a expectativa de vida saudável se tornou um objetivo atrativo, embora ambicioso, para muitos investigadores, políticos e empresários. As Nações Unidas consideraram 2021-2030 “a década do envelhecimento saudável” estimulando pesquisas e tomadas de decisões em políticas públicas.
Enquanto isso, empresas estão vendendo soluções direcionadas ao consumidor, como testes de DNA que fornecem recomendações personalizadas sobre como comer e fazer exercícios para prolongar a saúde, terapias destinadas a combater os efeitos do envelhecimento e com o objetivo de prolongar a expectativa de vida.
Em um artigo de 2021, pesquisadores norte-americanos traçaram caminhos promissores para reduzir a lacuna em termos de saúde, que vão desde a cessação global do tabaco até o desenvolvimento de medicamentos que matam as células danificadas que se acumulam durante o processo de envelhecimento. Outros investigadores procuram formas de atrasar o envelhecimento através da terapia genética e da restauração dos telômeros das cadeias de DNA, entre outras abordagens.
Entretanto, não se pode esquecer que comportamentos básicos e simples como seguir uma dieta nutritiva e saudável, dormir o suficiente, praticar exercícios físicos regularmente e manter atividades socioculturais são também determinantes importantes da expectativa de vida saudável.
Embora possam estar mais comumente associados a efeitos psicológicos, os seus comprovados efeitos fisiológicos não devem ser ignorados. Devem ser tratados por profissionais da saúde como abordagens de primeira linha, juntamente com medicamentos.
Realmente, não adianta aumentarmos a nossa expectativa de vida em muitos anos, se a nossa saúde não acompanhar este processo. Por isso a importância de se entender a diferença entre os termos “lifespan” e “healthspan”. No que diz respeito às políticas públicas, devem ter como prioridade promover e permitir os hábitos saudáveis para todos, e fazer melhor uso dos tratamentos médicos que já estão disponíveis.
Quando conseguirmos aproximar a idade da expectativa de vida da população com a idade da sua expetativa de vida saudável, teremos muito a comemorar.